Segunda-feira: palavras só palavras? arte é possível?

oi, segunda pela manhã, tudo do avesso do avesso do avesso, como diria nosso poeta compositor, que ainda colocou mais avessos. É mesmo coisa de brasileiro, pra não dizer de Brasil!(toda vez que escrevo Brasil tenho vontade de escrever com Z, acho que é influência da Globalização, nada de mais grave!...) A vida está do avesso. faz tempo? É, faz tempo, mas nas segundas-feiras dá até medo! Medo de sair da cama, medo quando o telefone toca..(ele sempre toca mais de 5 vezes ao menos, logo pela manhã!) As pessoas se agitam, as secretárias em particular querem sempre mudar horários, os telemarketing então nem se fala... começam a semana agitando. É um horror, não sei porque eles ligam prá cá sempre na segunda pela manhã, não tem jeito, e não tem jeito de reclamar de nada disso, é o que mais me irrita.Não há um balcão de reclamações para muita coisa nesta vida, esta é só uma delas. Hoje à noite já tenho um vernissage, palavra bonita...Sempre achei o máximo! Que me perdoem os artistas plásticos, e perdoem mesmo, porque mereço, já fui uma dentro dessa luta e desse meio, às voltas com Salões de Artes, prêmios, medalhas, com olhos nesse glamour... Às vezes serve bastante para à auto-estima. Tem seu lado social bom também, nada contra, nada contra. Hoje já bem resolvida nisso, não faço questão que olhem para meus quadros, com um certo ar de interrogação! Nem sei se foi falta de talento, acho que não! Mas um dia parei de pintar! Sou assim. Um dia paro. Quem sabe um dia continuo, faço das cores novamente minhas palavras. Talento: tenho. Só que é preciso mais pra ser um Artista Plástico,pelo menos no Brasil, pelo menos não póstumo. Neste ponto, se eu vir a ser póstumo, talvez meus herdeiros joguem tudo fora. As pessoas têm mesmo a mania de não gostar do velho que nada rende dinheiro. Talvez doem, não sei, nem saberei! (Mas agora, de um bom tempo pra cá resolvi me dedicar às palavras.) As palavras...Ah..Palavras são palavras..Como as adoro! As devoro! Tem força, tem brilho, tem entusiasmo, tem dor, tem lampejos de fascínio! (mesmo sem serem pintadas e colocadas em molduras, o que seriam então os livros!) A gente sente isso até mesmo quando o telefone toca pela manhã de segunda, e não se quer ouvir PALAVRA alguma, seja lá de quem for. Medo que as palavras mudem a nossa rotina, nos tirem dos eixos, nos deixem chocados, nos surpreendam ou nos abalem, porque elas estão aí o tempo todo fazendo isso! Porque palavras são palavras...Quase objetos. Em muitos casos verdadeiras obras de arte. Cheias de informações explícitas, ou "sentimentos escondidos”. Sim, porque há a palavra dita, e a quase dita. Não me arrependo de ter parado de pintar, de parar de ficar loucamente tentando deslocar sentimentos e sentidos para telas. Talvez tenha cansado. Prefiro neste momento as palavras. Você me perguntará, mas se as pessoas não gostarem do que escreve? Ah..não me importo com isso não!Lidar com as palavras é um imenso prazer! E se forem lidas, mesmo sem o glamour dos quadros vistos em molduras adequadas, já está bom... Gosto de obras de arte, adoro, sim, como não, museus, e exposições, se interrogar à frente delas, imaginar o que o pintor sentia...Gosto tanto que chorei muito diante das obras de Van Gogh, no Museu Dorsay em Paris,( e chorei muito!) Imaginando toda dor que ele sentiu, o quadro do Quarto dele, o quadro do Hospício,mas Van Gogh foi Van Gogh...ninguém mais será ele,homem feito sentimento puro sem a profanação da midea, do dinheiro. Mas...Tempos outros. Quanto às palavras há os mais amados autores, os gênios de gêneros, mas fique claro que todos tem as mesmas letras, formando as mesmas palavras. O efeito das palavras é divino, absoluto, imortal, hilariante,dolorido,...Magníficas Palavras! Soberbas, graves. Por vezes inventadas, modificadas, mas sempre carregadas de sentidos mais diversos. A força das palavras: essa então, tão importante que gerou livros, teorias, cursos, etc. Palavras formando idéias, que formam teorias... Palavras que são ditas com conseqüências vitais! Palavras que aproximam pessoas pelo resto das vidas.Palavras que as afastam pelo resto da existência. Quer coisa mais linda, mais simples e mais importante? São como flores,que servem para ocasiões belas e ruins, que sempre significam coisas,tem seu perfume característico e que aí estão sempre á espera que as usem. E que bem usadas serão chiques, se mal usadas até perturbarão o ambiente. Um sim, um não, pode fazer toda a diferença. E faz. Pois é, quanto aos telefonemas de segunda..as palavras ditas, ou ouvidas, quase sempre mudam minha semana! Reeditam minha agenda! Nada tão grave!(E, deste modo, ainda me sinto abençoada!) Mil beijos e boa semana!!!! Ana

VAI

É, vai, vai sim, Arruma outra que já não sirvo mais, Estou velha, e nunca fui mesmo muito eficiente. É, vai, vai sim, Que é teu desejo e quanto a isso não posso lutar. Já não presto mais, me jogue fora, sim! É, vai sim, vai... Vai e encontra outra, pra te seguir pelo metro, pela cidade, Pelas lojas pelos bares, que não bebo mesmo. É, vai sim, vai, vai.. É de seu direito e para que ficar? Se não me quer mais, afinal quem irá perder? Vai, vai, que é livre, e sensata. Afinal para que apelar para o lado emocional, chorar? Sabe o que te falo? você muda pra melhor! Vai, assim quer, é de sua vontade. Pra que segurar, mudar o tom da música, tirar a harmonia, Só porque vou sofrer? Não. Melhor não. Eu compreendo, compreendo perfeitamente, Tanta gente já se foi, E à tanta gente você já deixou... Porque seria diferente comigo, ou com você? Afinal eu sei das minhas limitações: Não sei qual autor é o livro, Não sei da vida e obra de ninguém, Só sei amar intensamente, e isto de nada bastou! Não tenho Trabalho fixo, não sou rica, Não tenho talento que outros tem. Sou apenas um caminhante errante talvez, neste mundo indecifrável. Muita coisa à se apreender, Muito a errar, e muito á ajudar. Vai, vai que é de seu gosto, e seu desejo, E isso de certa forma tem que me fazer feliz. Afinal o amor é pra isso, Saber que a pessoa que amamos está bem, e feliz! De resto só a agradecer, todo bem que me foi feito, Todo amor que recebi.

Desconexão

O Planeta está parando? Não totalmente ainda! Pessoas ainda pensam, respiram, Conversam quando se vêem? Mas as comunicações estão em total pane! Pânico. Pânico? O Planeta está intelectualmente parado? Ou será que desta forma se pensa melhor? O Planeta não está inteiramente desconectado... Mas se ficar, como irá ficar todo mundo no mundo deste mundo virtual? Se pensarmos que muita gente só se conhece virtualmente, e, Que nem todos foram precavidos de dar mais dados,ou guardar dado... E agora os dados sumiram.? E-mails se transformando em “cartas” idas para buracos negros, Em que a memória racional vai precisar cobrir a virtual? Palavras ditas, ou escritas, Perdidas, sei lá aonde, por onde, pra onde... Entre espaços e buracos, brechas, Soluções ainda por vir? E se tudo se tornasse uma grande realidade real, ao invés a virtual? Neste caso... Para onde foram os casais virtuais? Para onde foi o grande amor, imortalizado pela rede? Para onde estão indo as notícias? Ah...o bom e velho rádio!!!! Do velho e bom mundo antigo!!!!! Conseguindo tudo de novo e novamente com todo sucesso! Chegando aonde nada chega e também aonde tudo chegava. Ah...o velho e bom correio.. Conseguindo novamente inovar o velho, Será?... Cartas esperadas com ânsia e ansiedade. Ansiedade da espera. Da espera demorada. Dias, dias e dias... E um belo dia um ser humano, chamado carteiro, Trás a carta. Aberta com envelope rasgado às pressas... Trará as notícias de longe, bem longe..ou não muito longe. Ações esquecidas. Ações...Pegar o papel,... cobri-lo com idéias em tinta, Correr até o correio mais próximo, Fazer isso no mesmo dia e após isso, esperar os dias, as horas. Horas e dias preciosos, ansiosos. -Será que já chegou minha carta? O inusitado ato da surpresa, voltando. O tempo assim se multiplicando...Ou se “demorando”? Como é possível saber? Palavras enviadas por navio, ou” Via Air Mail”, Recordação, ou ação no futuro próximo tão próximo, desde agora? Passado remoto num presente assustador? Se a solução vier? Deve vir...mas Imagine o mundo de hoje no amanhã...sem o futuro esperado: Como vai ficar o passado de encontro ao futuro? Ou melhor, como fica o futuro se reencontrando com o passado? Como vai ficar a situação do passado reinando no futuro? Um futuro do qual se imaginava mais, sempre mais... (sempre foi assim) Agora estagnado, revolto? Podendo ser menos? Como vão ficar as lembranças, sendo repostas? Usadas como se não novas, presentes?Mera reposição de peças? Como ficará nossa “Grande Nave”? Como vai ficar o mundo sem a REDE? Que à tudo e à todos “ abraçava”? Completamente livre como era? Num demorar gostoso, surpreendente? Num encontro sempre real, com hora e local marcados? Num olhar nos olhos sem ser programado? Em palavras faladas timidamente pela presença olfativa do outro? Como ficará o mundo sem orkuts e Hi5s? Sem links? Sem informações, se não mentirosas, com certeza fantasiosas? Como irão ficar as palavras, que não poderão mais ser deletadas? Já que foram ouvidas, em tempo real para todos? Como ficarão os exatos mil quatrocentos e quarenta minutos do dia? Continuarão sendo poucos, muitos menos do que o necessário se fazia? Ou serão muitos mais que o necessário, pois, Afinal a espera fará parte da rotina diária já esquecida? A pressa cada vez mais apressada da tecnologia, Seria então trocada enfim pela calma da incerteza dos prazos, ( que já sabido de antemão não se cumpririam?) Ou será que o retroceder seria o caos total, O desespero dos indivíduos em geral por diversas razões e motivos? Os prazos então teriam que ser aumentados? Pelo menos corrigidos? Tudo perderia a hora, então a hora seria outra? Os minutos.. Continuariam estes com os seus sessenta segundos? Ou sairiam leis, com turnos, para que os prazos fossem assim respeitados? Teriam então o que todos sempre desejaram? Horas a mais no dia? Decreto sancionado por alguns? Seria o caos, ou a solução enfim? (dos seres humanos enfeitiçados pela vã tecnologia, escravos das máquinas), (que não querem mais obedecer a ninguém a não ser à elas mesmas?) Interessante imaginar tudo isso e muito mais... O ser humano novamente se deparando repentinamente com ele mesmo! Com ele mesmo e seus semelhantes! Como seria então o mundo neste retroceder progressivo? Teria enfim o “progresso esperado?” Prestariam mais atenção afinal uns nos outros? E suas reais necessidades? Ou se manteriam frios, sérios, e desconectados de TUDO??? Até deles mesmos?

Ana Acquesta

Ana Acquesta
Ana Acquesta