Loucamente

A vida tem transcorrido loucamente, Como eu! Não seria eu a tornar a vida louca, Sem a menor chance de ser diferente? Ainda sinto o cheiro doce do café amargo. O ardor da menta, O cheiro do fumo. As águas das entranhas a escorrerem suaves e viscosas. O gelo da madrugada ensurdecedoramente quieta. Estou lá ou aqui? Transcorreu-se muitos poucos minutos de alta velocidade perigosa. E já estou aqui!Estou aqui? Como quando menina fugia " um pouquinho", E quase ninguém sabe disso! Mas imagino que por certo não há muitos interessados num segredo infantil. (Escrevo apressada. logo vou incomodar outros na madrugada. Mas prefiro deixar a volta do pensamento quase normal, voltar.) Ora vivas! Foi um longo momento de mudez e ensurdecimento absoluto. Muito pensamento e pouca voz, ou quase nehuma! Total falta de normalidade! Nenhuma rotina, ( mas isto já é rotina!) Fotos registradas ao invés de palavras! Grande procura de imagens indecifráveis, Para contar o que não podia dizer! Palavras eram difíceis de serem encontradas e principalmente organizadas. Idéias nitidamente claras, Mas totalmente embaralhadas, umas com as outras, perigosas de se contar. Relatar. Conseguiam me deixar enjoada, Perturbada, obscecada. Sentimento ruim demais...um aviso de tormenta, Um estar no ar em perigo eminente. Coisa difícil de se lidar, de suportar, De transmitir. Desisti, perdoem-me! Me ausentei! Até de mim mesma. Tenho o mundo!!! e ninguém pode saber disso. Nem eu estou sabendo lidar com isso, imagine o " resto"!!! Simplicidade fingida. sensações desagradáveis! Temos o mundo! Isto é excitante, progressista, perigoso, inebriante, alucinante, e mais uma vez: perigoso! Tenho um grande tesouro e um grande segredo; Deliciado de leve, aos poucos, desfrutado pelas beiradas. Poucos souberam ver,poucos viram! Quem viu se afastou pelo medo da força devastadora, Que possui os corpos, humanos como são, Transformados em mais que mortais comuns... Algo mais, Algo maior! Convém cuidar, Convém cuidar! O ciúmes e a inveja: aí estão: Nos rodeando, nos espreitando, Nos ameaçando, Mesmo que seja por nos mesmos: Sentido ou ameaçado. (Amenhecendo o dia agora está! voltei.) Ainda sinto o vento correndo junto a janela. Cortante, frio, Ainda sinto a alma...meio cá, meio lá! Meio lá, meio cá....

Ana Acquesta

Ana Acquesta
Ana Acquesta