POESIA - UM HEROÍSMO

Fazer poesia aos 17 anos, que seja aos 16, ou 20,
Quando o rosto ainda está aflorado de espinhas ,
Acreditando ser um poeta,
Com seus famosos cadernos de poesias e anotações: normal.
O poeta só continua poeta se as seus 30, 40, 50 ainda teima...
Brinca com as palavras, enxerga nelas outras sensações, outras razões...ainda que não obtenha nenhum brilho. Nenhuma fama.
Enxerga,percebe, distingue,repara, advinha, pressente, prevê, e sente!
E escreve!
Ironiza, agride, vomita palavras sem pudor, constrói pensamentos sem lógica,
Dentro de uma total coerência.
O poeta, nasce poeta!
Que não seja conhecido,
Mesmo assim continua,
porque nasceu poeta.
Sim, porque ninguém é poeta porque quer!
É como uma espécie de deficiência, anomalia.
Uma carga magnética que o puxa, o atrai,
E não dá mais prá parar.
O poeta, nasce e morre poeta,
Como uma doença sem cura.
Um mal eterno.
Sempre imaginando fantasias, obscecados pelos mistérios.
Inventando sensações obscuras, situações surpreendentes:
Dirigindo sonhos!
O poeta não quer saber se há contas à pagar.
-Não, não é da sua conta!(não,...não que seja vagabundo!)
Surgem-lhe ideias como surgem pensamentos, como surgem sentimentos,
E nada mais se pode brecar. Debruça-se e escreve.
É uma urgência!
O poeta não quer saber de compromissos,
A não ser com ele mesmo, e não se trata de egoísmo..não!
Estão preocupados em rasgar o coração,
Escrevê-lo em versos,
Vivenciar o imaginário! Seduzir!
Ultrapassar as barreiras do tempo.
O poeta é paradoxal.
Não compartilha de crenças ordinárias!
Apenas o vagalume: e já é magia em noite escura.
Poeta profeta: brinca de eternizar o futuro: presentindo.
Poeta não quer saber do aluguel, ou da loja da esquina,
Da alta do dolar, da queda da bolsa. Do saldo bancário!
Quer transpirar sensações, viver de emoções.
É ficção de homem dentro da realidade.
O povo ama seus poetas, e precisam da loucura deles!
Dos loucos, insanos, rebeldes, que fascinam.
Pois é através da loucura do poeta que as civilizações falam,
gritam, se comunicam.
Imaginam luz aonde tudo é escuridão.
Poetas tem urgência, emergência,
Dentro da calma de prestar atenção no caminho,
E não só aonde quer se chegar.
É uma eterna relação do finito com a eternidade.

Ana Acquesta

Ana Acquesta
Ana Acquesta