Restros e Rastros
E toda cidade fica escura,
As luzes se apagam,
Não há mais vozes ou risos.
Cantos ou sons.
Instrumesntais....vocais.
Não há mais noites de azul profundo,
Não há mais portas altas e brilhantes,
Nem lustres maravilhosos na entrada de edifícios.
Não há mais festas,
Nem de santos, nem de velhos.
Não há mais danças,
Nem em vestes vermelhas ou laranja.
Não há mais felicidade, vida, sorrisos.
Não há mais os santos rezando,
Nem as profissionais sorrindo, sofrendo, ou esperando.
Não mais cafés com licor, ou sorvete, ou espumas,
Não há! Não Há mais cor.
Nem rosa, nem azul, muito menos lilás.
Não há mais mirantes a serem visitados,
Nem mesmo cafés a serem provados,
Nem tão pouco povos e tribos a serem admirados.
Acabou-se a prosa e o verso.
Não vão haver mais sorrisos soltos.
Toques profanos, ilusões.
Não há mais nada a ser descoberto,
Porque tudo se afogou em breu,
Todas as portas nada mais significam,
Estão adiadas as pesquisas,
Nada mais será fotografado,
Porque não há sequer um motivo.
Não há fome,
Nem mais sono. (para alguns!)
Nem sequer mais irá chover,
Em noite clara. Ou escura.
Porque nada mais importa ou merece menção.
Não há mais sabor original,
E não importa mais a quantidade de ingredientes,
Se forem acrescentados muito que bem...
Não mais importa.
Não há mais luzes na cidade que jamais escurece.
Os velhos estarão por certo agora sozinhos.
Por eles mesmos.
E eu serei mais uma na grande multidão de solidões.
Farei de conta de estar acompanhada.
Como muitos vi fazerem.
Como tantos vi vagando à esmo.
Serei apenas mais um..mais uma...
Quem irá notar? Camuflada.
Nada há de mais absoluto nesta cidade, do que a total irreconhecibilidade.
Total ausência de nós mesmos, por nós mesmos.
Sobrarão os fantasmas da noite:
os miseráveis do asfalto.
os loucos das drogas.
os meninos assombrados pedindo.
os doentes falando sozinhos pelas esquinas (esquinas já não mais famosas e cheias de pompas!) a escória sombria que jamais se apaga.
as famílias maltrapilhas cheirando azedo e mal cobertas.
O frio intenso,
o Vazio o vazio o vazio...o infinito vazio... de dentro, de fora,
De todos os lados, de todas as almas, puras ou insanas restos de gente no vazio do negrume que antes era luz! restos de lixos, que já existiam mas não reparados, ou ignorados. restos de almas,
No negrume profundo da noite vazia,
um vazio quase mortal,
senão de todo,
Quase. ( sempre pedindo)
Fogo Ardente - Instinto, Amor, Paixão!
Fogo que arde! Fogo que queima. Da onde vem o fogo interior dos corpos frescos e humanos,quase totalmente água? Da onde vem este fogo que arde em meu ser e em todos os seres, intenso de paixão? Corroe a alma de urgências naturais, rudes e selvagens? Fogo humano, animal, sobrenatural? Da onde vem este fogo interior, feito brasas vivas que por fim ficam à derramar águas, suores, secreções alvas, vertidas em jatos de prazer viseral? Da onde vem afinal estas águas quentes que enfim apagam este fogo e nos coloca de estado de alerta, em secreto relaxo? Estas águas quentes de entranhas, produzidas e por fim derramadas dissolvidas em líquido fino, vertido ao final do ato.Águas puras, águas calmas, águas...águas ardentes, derramadas apressadamente e que escorrem vagarosas quando o fogo queima ao limite? Da onde afinal surgem estes espasmos de fogo, sublimes e animalescos? Seres primitivos... e ainda que não...sentem as águas cairem, jorrarem, escorrerem, quietas, lentas melodiosas,sem nenhum pudor.(E porque deveriam?) Seres humanos e seus desejos latentes à descoberto em febres contagiosas, e urros e gritos e gemidos, tal qual e diferentes do inferno. Sublimes enfermos corroidos pelo fogo, restando em brasas amenas, quase rosas, e depois em cinzas, satisfeitos, calados, largados, esparramados, extasiados depois do amor! Seres estranhos, criados pela Criatura que os fez deste modo, para vez ou outra queimarem em brasas, para sempre condenadas em qualquer caso acabarem em cinzas. Cinzas, apenas cinzas calmas, quietas, satisfeitas. Pó que ardeu intenso antes de ser apenas pó. Prova de existência humana, feita e criada, para ser fogo ardente, mesmo inconsequentes, e adormecer em cinzas mortas. Plenos, satisfeitos, em total estado de graça! Abençoados pelo criador da criação. Apenas seguindo os seus instintos e seus mistérios do que chamam de amor e vida. Fogo que por fim, ameniza a alma, acalma o espírito, e nos leva com certeza o mais perto possível do conceber, da existência, do gerar, das Divindades! Sublime sensação da paixão do amor humano. Fogo que nunca para de arder...e assim será sem mudar, por muito tempo, na nossa estória!
POESIA - UM HEROÍSMO
Fazer poesia aos 17 anos, que seja aos 16, ou 20,
Quando o rosto ainda está aflorado de espinhas ,
Acreditando ser um poeta,
Com seus famosos cadernos de poesias e anotações: normal.
O poeta só continua poeta se as seus 30, 40, 50 ainda teima...
Brinca com as palavras, enxerga nelas outras sensações, outras razões...ainda que não obtenha nenhum brilho. Nenhuma fama.
Enxerga,percebe, distingue,repara, advinha, pressente, prevê, e sente!
E escreve!
Ironiza, agride, vomita palavras sem pudor, constrói pensamentos sem lógica,
Dentro de uma total coerência.
O poeta, nasce poeta!
Que não seja conhecido,
Mesmo assim continua,
porque nasceu poeta.
Sim, porque ninguém é poeta porque quer!
É como uma espécie de deficiência, anomalia.
Uma carga magnética que o puxa, o atrai,
E não dá mais prá parar.
O poeta, nasce e morre poeta,
Como uma doença sem cura.
Um mal eterno.
Sempre imaginando fantasias, obscecados pelos mistérios.
Inventando sensações obscuras, situações surpreendentes:
Dirigindo sonhos!
O poeta não quer saber se há contas à pagar.
-Não, não é da sua conta!(não,...não que seja vagabundo!)
Surgem-lhe ideias como surgem pensamentos, como surgem sentimentos,
E nada mais se pode brecar. Debruça-se e escreve.
É uma urgência!
O poeta não quer saber de compromissos,
A não ser com ele mesmo, e não se trata de egoísmo..não!
Estão preocupados em rasgar o coração,
Escrevê-lo em versos,
Vivenciar o imaginário! Seduzir!
Ultrapassar as barreiras do tempo.
O poeta é paradoxal.
Não compartilha de crenças ordinárias!
Apenas o vagalume: e já é magia em noite escura.
Poeta profeta: brinca de eternizar o futuro: presentindo.
Poeta não quer saber do aluguel, ou da loja da esquina,
Da alta do dolar, da queda da bolsa. Do saldo bancário!
Quer transpirar sensações, viver de emoções.
É ficção de homem dentro da realidade.
O povo ama seus poetas, e precisam da loucura deles!
Dos loucos, insanos, rebeldes, que fascinam.
Pois é através da loucura do poeta que as civilizações falam,
gritam, se comunicam.
Imaginam luz aonde tudo é escuridão.
Poetas tem urgência, emergência,
Dentro da calma de prestar atenção no caminho,
E não só aonde quer se chegar.
É uma eterna relação do finito com a eternidade.
FOTOGRAFIA : IMAGENS DURADOURAS DE UM INSTANTE :IMPRESSIONISMO MODERNO
"PESSOAS ESTÃO MORTAS, DENTRO, OU FORA DO CEMITÉRIO? SERÁ POSSÍVEL SABER O ESTADO REAL DE CADA SER CAPTADO PELAS LENTES NESTE MOMENTO ÚNICO?NESTA CENA MUITOS DOS DITOS VIVOS PODEM NÃO POSSUIR MORADA NA TERRA TÃO LINDAS E SEGURAS COMO OS DITOS MORTOS!" ANA
ADREBAL LÍRIO
FILÓSOFO E OBSERVADOR DE UM MUNDO RASGADO EM OBRAS DE ARTES PRONTAS,
SÓ A ESPERA DE SUAS LENTES.
SEMPRE INVENTANDO CENAS JÁ EXISTENTES E CAPTADAS POR SUA SENSIBILIDADE.
SENSIBILIDADE E FILOSOFIA CAMINHANTE PELAS RUAS PAULISTAS.
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